Dois personagens que fizeram história, mudaram o Brasil e são lembrados no dia de hoje e em todos os 21 de abril: José Joaquim da Silva Xavier e Juscelino Kubistchek de Oliveira.
E, as coincidências acontecem: ambos de Minas Gerais, faleceram no estado do Rio de Janeiro em épocas totalmente distintas. O Mártir da Inconfidência (Tiradentes) nasceu em Ritápolis (12 de novembro de 1746), município mineiro com 5.000 habitantes. Faleceu no Rio de Janeiro em 21 de abril de 1792. (46 anos).
O ex-presidente do Brasil (JK) nasceu em Diamantina (12 de setembro 1902), cidade mineira atualmente com 48 mil habitantes. Faleceu em Rezende (Rio de Janeiro) em 22 de agosto de 1976. (74 anos).
Cada um, ambos políticos, com sua forma de atuar, imortalizaram seus nomes na história brasileira. Mostraram bravura e coragem.
Tiradentes, apelido que ganhou por atuar no segmento farmacêutico, dedicando-se como dentista, também era tropeiro, minerador e alferes (graduação militar).
JK era médico, oficial da Polícia Militar e se tornou político já antecipando a amigos que tinha um sonho: ser Presidente da República.
Tiradentes, revoltado com corrupção e sonegação de impostos, se rebelou nos tempos em que o Brasil se apresentava como colônia de Portugal. A região mineira era rica em diamantes, mas praticamente tudo ficava em poder de Portugal. Traído, foi acusado de conspirar contra a coroa portuguesa.
Juscelino Kubistchek, um homem otimista e inteligente. Foi seminarista (se formou em Humanidade), para em seguida ser diplomado em medicina. Estudou em Paris e estagiou em Berlim. Interventor em Minas Gerais, em seguida Deputado Federal e depois se elegeu Prefeito Municipal de Belo Horizonte. Opositor a Getúlio Vargas, foi eleito presidente da República tomando posse em 1 de janeiro de 1956 cumprindo mandato até 31 dezembro de 1961.
José Joaquim da Silva Xavier, o herói e Mártir da Inconfidência, foi enforcado no Rio de Janeiro, depois esquartejado, com ordem superior para que partes do corpo fossem mandadas para vários lugares entre o Rio e Minas.
JK, segundo relatos, sentiu-se traído tendo seus direitos políticos cassados. Era junho de 1964 e dizia ter a promessa dos militares que isso não lhe aconteceria. Era senador (PSD) por Goiás, com 61 anos. Cinco dias depois viajou para Madri com a esposa Sara. Chegou ao aeroporto do Galeão ovacionado por uma multidão que cantava o Hino Nacional Brasileiro. Foi preciso a polícia intervir, pois o povo tentou se aproximar até da escada do avião.
Tiradentes, um verdadeiro líder, apaixonado pela sua Pátria, dizia que, se preciso, daria a vida pelo Brasil. Tinha como leais amigos, Cláudio Manoel da Costa e Tómas Antonio Gonzaga. Eles acompanhavam o fim da monarquia na Europa, poder absoluto dos reis. Tiradentes se inspirava também na independência dos Estados Unidos, que, se separando da Inglaterra, tornou-se o primeiro país do continente americano a conquistar a sua liberdade.
No exílio, JK esperava ficar três meses. Voltou apenas 985 dias depois. Matava a saudade com cartas enviadas ao seu maior e fiel amigo, Augusto Frederico Schmidt, autor da famosa frase de campanha “50 anos em 5”. Reclamava falta de justiça, excesso de ódio e relatava que falta da convivência com seus amigos judiavam muito.
O seu grande e maior momento: inspirado, JK tratou de colocar em prática o ousado e maior sonho: a construção de Brasília, algo impossível nos dias de hoje. Quatro anos e meio de obras no cerrado, tendo como projetista Lúcio Costa e depois Oscar Niemeyer concluiu projetando os prédios. Obra branca e moderna, Brasília nasceu com o formato de um avião: fuselagem, eixo monumental e duas avenidas.
Joaquim Silvério dos Reis entrou para a história como traidor. Citou aos portugueses os nomes de todos os envolvidos subordinados a Tiradentes. Silvério deletou em troca do perdão das suas dívidas. A ordem para a prisão dos conspiradores foi dada pelo Visconde de Barbacena.
Cerca de 80 mil pessoas trabalharam na construção de Brasília. Sua maior paixão, “depois da minha família”, dizia JK que teve duas filhas, Maria Estela e Márcia. Longe do Brasil trabalhou na Espanha, Paris e Portugal. Retornou ao Brasil dia 9 de abril de 1967. Foi morar no Rio com ordem expressa de jamais se aproximar da capital federal.
Certo dia, anos depois (1972), com ajuda do seu motorista, foi até Brasília. Posteriormente, numa reportagem no jornal O Estado de S. Paulo, o jornalista Carlos Chagas relatou o acontecido. Juscelino Kubistchek quis ver o Catetinho, local onde ficava durante as obras, depois se emocionou na Catedral que não chegou a ver concluída antes do exílio e, finalmente foi até a Praça dos Três Poderes onde se isolou e chorou.
Dia 22 de agosto, num acidente automobilístico, o carro Chevrolet Opala, conduzido pelo seu motorista particular Geraldo Ribeiro, se envolveu numa colisão fatal na via Dutra: choque frontal com uma Scania. Ambos morreram.
Velado no Rio de Janeiro, o corpo de JK foi levado para Brasília onde foi sepultado, de acordo com seu desejo. Na saída do corpo, após as solenidades, o povo arrancou o caixão das mãos dos bombeiros que o colocariam em cima de um carro. Gritando “o povo leva”, caminharam rumo ao Cemitério Campo da Esperança, cantando e gritando o nome de JK, para os chamados candangos (trabalhadores), um ídolo e o maior símbolo da democracia brasileira.
VOLTO AMANHÃ.
ATÉ LÁ.